A pesquisa qualitativa é uma das abordagens mais difundidas na pesquisa social, especialmente entre a geração mais jovem de acadêmicos. No entanto, essa forma de fazer ciência ainda recebe críticas contundentes sobre a robustez de seus resultados e, ainda mais severas, são as críticas sobre a possibilidade de sua generalização. O eco do anátema de Stouffer (1931) sobre a pesquisa qualitativa como um “jornalismo obscuro e aborrecido”, produzindo resultados não generalizáveis, ainda ressoa em muitas discussões formais e informais (para uma visão crítica, consulte Minayo 2014: 61; Taquette e Borges 2020: 46). Todas essas repreensões são frequentemente enquadradas em uma crítica mais geral que se refere à falta de rigor da pesquisa qualitativa, partindo da ideia tácita de que a única forma possível de rigor é aquela da pesquisa quantitativa, baseada, de acordo com John Goldthorpe, na “lógica da inferência” (Goldthorpe 2000: 67, 88). A premissa central desse livro é bastante simples: a pesquisa qualitativa deve ser rigorosa, mas seguindo uma ideia de rigor diferente daquela que inspira a pesquisa quantitativa, uma ideia de rigor que promova a criatividade intrínseca do “experimento da experiência” (Piasere 2002: 27) com o qual nos comprometemos ao fazer pesquisa qualitativa. A estrutura lógica proposta para esse fim é a da teoria da argumentação, principalmente na versão da Escola Canadense, inspirada no trabalho de Douglas Walton. A ideia geral é que a teoria da argumentação pode desempenhar, na pesquisa qualitativa, a mesma função que a teoria da probabilidade desempenha na pesquisa quantitativa. O livro se concentra no que acontece antes e depois do trabalho de campo.

Em defesa da pesquisa qualitativa. Desenho, análise de dados e textualização

Mario Cardano
2024-01-01

Abstract

A pesquisa qualitativa é uma das abordagens mais difundidas na pesquisa social, especialmente entre a geração mais jovem de acadêmicos. No entanto, essa forma de fazer ciência ainda recebe críticas contundentes sobre a robustez de seus resultados e, ainda mais severas, são as críticas sobre a possibilidade de sua generalização. O eco do anátema de Stouffer (1931) sobre a pesquisa qualitativa como um “jornalismo obscuro e aborrecido”, produzindo resultados não generalizáveis, ainda ressoa em muitas discussões formais e informais (para uma visão crítica, consulte Minayo 2014: 61; Taquette e Borges 2020: 46). Todas essas repreensões são frequentemente enquadradas em uma crítica mais geral que se refere à falta de rigor da pesquisa qualitativa, partindo da ideia tácita de que a única forma possível de rigor é aquela da pesquisa quantitativa, baseada, de acordo com John Goldthorpe, na “lógica da inferência” (Goldthorpe 2000: 67, 88). A premissa central desse livro é bastante simples: a pesquisa qualitativa deve ser rigorosa, mas seguindo uma ideia de rigor diferente daquela que inspira a pesquisa quantitativa, uma ideia de rigor que promova a criatividade intrínseca do “experimento da experiência” (Piasere 2002: 27) com o qual nos comprometemos ao fazer pesquisa qualitativa. A estrutura lógica proposta para esse fim é a da teoria da argumentação, principalmente na versão da Escola Canadense, inspirada no trabalho de Douglas Walton. A ideia geral é que a teoria da argumentação pode desempenhar, na pesquisa qualitativa, a mesma função que a teoria da probabilidade desempenha na pesquisa quantitativa. O livro se concentra no que acontece antes e depois do trabalho de campo.
2024
Editora Unimontes
1
1
275
978-65-86467-68-0
Pesquisa qualitativa, teoria da argumentação, desenho da pesquisa qualitativa
Mario Cardano
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