A comunicação descreve a leitura como uma prática de interpretação, em que interagem um processo critico (exegese) e um processo performativo (suas inúmeras possíveis execuções). Na leitura, o nexo entre letras impressas e seu som na fala se manifesta como traço da oralidade originária, resgatando nas entrelinhas do texto a natureza tridimensional e a materialidade vocal e corpórea da palavra escrita. No específico caso de leitura que é a tradução, as inúmeras possibilidades performativas são condicionadas por um processo exegético preferencial, uma interpretação que se configura como forma definidora do sentido da obra na outra língua. Especialmente no caso da tradução para a cena, a escolha parece taxativa, pois o espectador não levará dicionários para o teatro nem terá tempo de ler notas de rodapé, detectar equívocos e propor alternativas, ficando refém da exegese do tradutor para a sua própria compreensão. No entanto, enquanto o texto-fonte se cristaliza em cânone filológico, suas múltiplas versões são efêmeras e dúcteis, manipuláveis, sempre substituíveis. O novo texto, na língua estrangeira, destaca a vocação do primeiro para ser reciclado, reinterpretado e reencenado, finalmente, potencializa sua comunicabilidade. Aplicamos a ideia a três textos canônicos da dramaturgia italiana, em cujo processo generativo cruzam-se produção erudita e popular, palavra escrita e nostalgia da voz. Prefigurando e auxiliando a encenação, a tradução permite-se, neste caso, resignificar palavras através da fala, redistribuir valores sociais nos tratamentos sintáticos, revitalizar jeu de mot e jogos de cena. Trata-se de desleituras que incidem na produção de sentido visando garantir o encontro ao vivo entre obra e plateia, através da voz dos atores.
L’eco della voce nella traduzione per le scene
Alessandra Vannucci
First
2024-01-01
Abstract
A comunicação descreve a leitura como uma prática de interpretação, em que interagem um processo critico (exegese) e um processo performativo (suas inúmeras possíveis execuções). Na leitura, o nexo entre letras impressas e seu som na fala se manifesta como traço da oralidade originária, resgatando nas entrelinhas do texto a natureza tridimensional e a materialidade vocal e corpórea da palavra escrita. No específico caso de leitura que é a tradução, as inúmeras possibilidades performativas são condicionadas por um processo exegético preferencial, uma interpretação que se configura como forma definidora do sentido da obra na outra língua. Especialmente no caso da tradução para a cena, a escolha parece taxativa, pois o espectador não levará dicionários para o teatro nem terá tempo de ler notas de rodapé, detectar equívocos e propor alternativas, ficando refém da exegese do tradutor para a sua própria compreensão. No entanto, enquanto o texto-fonte se cristaliza em cânone filológico, suas múltiplas versões são efêmeras e dúcteis, manipuláveis, sempre substituíveis. O novo texto, na língua estrangeira, destaca a vocação do primeiro para ser reciclado, reinterpretado e reencenado, finalmente, potencializa sua comunicabilidade. Aplicamos a ideia a três textos canônicos da dramaturgia italiana, em cujo processo generativo cruzam-se produção erudita e popular, palavra escrita e nostalgia da voz. Prefigurando e auxiliando a encenação, a tradução permite-se, neste caso, resignificar palavras através da fala, redistribuir valores sociais nos tratamentos sintáticos, revitalizar jeu de mot e jogos de cena. Trata-se de desleituras que incidem na produção de sentido visando garantir o encontro ao vivo entre obra e plateia, através da voz dos atores.| File | Dimensione | Formato | |
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