O Estado do Piauí presenciou, a partir da década de 1990, o processo de etnogênese dos povos indígenas Tabajara e Tapuio-Itamaraty, situados na comunidade Nazaré, município de Lagoa de São Francisco. A afirmação e reelaboração da identidade indígena, utilizada no intuito de legitimar as demandas territoriais constituem exemplos da agência desses grupos étnicos que se mobilizam em prol da luta por direitos fundamentais. A reivindicação de direitos previstos na Constituição de 1988 e as trocas de saberes e experiências com outros povos indígenas no território brasileiro corroboram com a mobilização étnica e o surgimento de espaços de debates e preservação da identidade indígena. As pesquisas sobre as mobilizações sociais indígenas inauguram, portanto, uma nova página da história indígena do Piauí. Desde a década de 1970 as mobilizações sociais e o trabalho das Comunidades Eclesiásticas de Base desenvolvidas na região da Grande Pedro II impulsionaram o processo de afirmação e reelaboração étnica dos Tabajara e Tapuio-Itamaraty. Particularmente durante as últimas duas décadas esse grupo protagonizou o processo de organização em torno do reconhecimento étnico, resultando na criação da Associação dos Povos Indígenas Tabajara Tapuio Itamaraty da Comunidade Nazaré (APIN) que atualmente abriga 140 famílias indígenas, resultando em aproximadamente 452 indivíduos cadastrados. O desenvolvimento de relevantes ações políticas resultou também na criação do Museu Indígena Anízia Maria. Esse trabalho tem por objetivo apresentar a trajetória do museu mencionado e as atividades realizadas a partir da organização do III Fórum Nacional de Museus Indígenas do Brasil (realizado pela Rede Indígena de Memória e Museologia Social), ocorrido no ano de 2017, na comunidade Nazaré. O evento incentivou a realização de inúmeras outras atividades entre as quais destacamos o projeto de pesquisa “Pesquisa e registro sobre saberes e conhecimentos tradicionais associados à cultura material dos povos Tabajara-Tapuio Itamaraty de Nazaré, Lagoa de São Francisco – Piauí” promovido pelo Museu do Índio em junho de 2018, uma pesquisa desenvolvida em colaboração com uma estudante de mestrado da Universidade de Turim (Itália) entre julho e setembro de 2018 e o projeto de pesquisa e extensão intitulado “Salvaguarda e aquisição de acervo do Museu Indígena Anízia Maria dos Tabajara Tapuio Itamaraty (Lagoa de São Francisco, PI)” ainda em curso. Entre as outras reflexões, buscamos apresentar algumas considerações relacionadas às discussões desenvolvidas pelos indígenas no âmbito das oficinas de Expografia e Patrimônio material e imaterial, com ênfase no caso específico da análise da expografia associada aos povos indígenas do Museu do Estado do Piauí - Casa Odilon Nunes
Trajetórias e processos no museu indígena Anízia Maria da comunidade Tabajara e Tapuio-Itamaraty, Estado do Piauí
Anna Bottesi
;
2021-01-01
Abstract
O Estado do Piauí presenciou, a partir da década de 1990, o processo de etnogênese dos povos indígenas Tabajara e Tapuio-Itamaraty, situados na comunidade Nazaré, município de Lagoa de São Francisco. A afirmação e reelaboração da identidade indígena, utilizada no intuito de legitimar as demandas territoriais constituem exemplos da agência desses grupos étnicos que se mobilizam em prol da luta por direitos fundamentais. A reivindicação de direitos previstos na Constituição de 1988 e as trocas de saberes e experiências com outros povos indígenas no território brasileiro corroboram com a mobilização étnica e o surgimento de espaços de debates e preservação da identidade indígena. As pesquisas sobre as mobilizações sociais indígenas inauguram, portanto, uma nova página da história indígena do Piauí. Desde a década de 1970 as mobilizações sociais e o trabalho das Comunidades Eclesiásticas de Base desenvolvidas na região da Grande Pedro II impulsionaram o processo de afirmação e reelaboração étnica dos Tabajara e Tapuio-Itamaraty. Particularmente durante as últimas duas décadas esse grupo protagonizou o processo de organização em torno do reconhecimento étnico, resultando na criação da Associação dos Povos Indígenas Tabajara Tapuio Itamaraty da Comunidade Nazaré (APIN) que atualmente abriga 140 famílias indígenas, resultando em aproximadamente 452 indivíduos cadastrados. O desenvolvimento de relevantes ações políticas resultou também na criação do Museu Indígena Anízia Maria. Esse trabalho tem por objetivo apresentar a trajetória do museu mencionado e as atividades realizadas a partir da organização do III Fórum Nacional de Museus Indígenas do Brasil (realizado pela Rede Indígena de Memória e Museologia Social), ocorrido no ano de 2017, na comunidade Nazaré. O evento incentivou a realização de inúmeras outras atividades entre as quais destacamos o projeto de pesquisa “Pesquisa e registro sobre saberes e conhecimentos tradicionais associados à cultura material dos povos Tabajara-Tapuio Itamaraty de Nazaré, Lagoa de São Francisco – Piauí” promovido pelo Museu do Índio em junho de 2018, uma pesquisa desenvolvida em colaboração com uma estudante de mestrado da Universidade de Turim (Itália) entre julho e setembro de 2018 e o projeto de pesquisa e extensão intitulado “Salvaguarda e aquisição de acervo do Museu Indígena Anízia Maria dos Tabajara Tapuio Itamaraty (Lagoa de São Francisco, PI)” ainda em curso. Entre as outras reflexões, buscamos apresentar algumas considerações relacionadas às discussões desenvolvidas pelos indígenas no âmbito das oficinas de Expografia e Patrimônio material e imaterial, com ênfase no caso específico da análise da expografia associada aos povos indígenas do Museu do Estado do Piauí - Casa Odilon NunesFile | Dimensione | Formato | |
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Descrizione: TRAJETÓRIAS E PROCESSOS NO MUSEU INDIGENA ANÍZIA MARIA
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